Pilotos arriscam suas vidas evangelizando comunidades remotas no Congo em meio à conflitos
- 01/10/2025

Missionários estão arriscando suas vidas para levar esperança a comunidades perseguidas no Congo. Os cristãos atuam como pilotos de aeronaves e fornecem assistência médica, suprimentos e a Palavra de Deus.
O piloto canadense, Dominic Villeneuve, trabalha para a Mission Aviation Fellowship (MAF), uma organização cristã que envia aeronaves para alguns dos lugares mais perigosos do mundo.
“Sim, este trabalho é estressante. Mas minha fé me dá a paz que excede todo o entendimento. Tenho paz porque é isso que Deus tem para mim — esta é a minha missão”, disse Villeneuve ao Christian Daily International em uma entrevista.
Enquanto milícias controlam estradas e vilarejos ficam sem comida e assistência médica, Dominic continua voando. Recentemente, ao pousar, encontrou um buraco de bala na asa do avião. Mesmo assim, ele afirmou que deixar de voar não está em seus planos.
A RDC enfrenta uma das piores crises humanitárias do planeta. A milícia M23 e outras facções armadas espalham terror no leste do país. Mais de 27 milhões de pessoas precisam de ajuda urgente, de acordo com a ONU. Décadas de guerra já deslocaram milhões, destruíram estradas e levaram ao colapso dos serviços públicos.
Apesar da imensa riqueza mineral, a RDC está entre os cinco países mais pobres do mundo. Para a maioria das organizações humanitárias, chegar a comunidades isoladas é quase impossível: voos comerciais não operam na região e as estradas representam perigo de emboscadas, sequestros e morte.
Os desafios da missão
Diante desse desafio, pilotos como Dominic entram em ação. A MAF conta com uma equipe de 26 membros em toda a República Democrática do Congo, que voa para mais de 35 pistas de pouso e atende a mais de 40 organizações parceiras.
Os pilotos levam medicamentos para clínicas remotas, alimentos para aldeias carentes e negociadores de paz para tribos em guerra.
“Esses voos possibilitaram que grupos opostos se reunissem em espaços neutros, negociassem acordos de paz e reduzissem a violência”, explicou Dominic.
A organização também transporta equipes de tradução da Bíblia, profissionais médicos e suprimentos de emergência. No entanto, a violência já obrigou a MAF a evacuar famílias inteiras de colaboradores. Além disso, a falta de combustível, os apagões que duram meses e a escassez de produtos básicos tornam a missão ainda mais difícil.
“A insegurança alimentar e de combustível é uma preocupação constante. Produtos básicos como arroz, farinha e combustível frequentemente desaparecem do mercado ou se tornam proibitivamente caros. Gasolina e diesel são especialmente críticos, já que nossos aviões e geradores dependem deles”, contou o missionário.
Os sistemas de abastecimento de água falham por meses ou anos. As redes elétricas fornecem energia instável que danifica nossos equipamentos. Caminhões de abastecimento evitam as estradas, o que aumenta a escassez de tudo.
Apesar disso, a organização não recua. Em 2024, a MAF realizou mais de 16 mil voos em 12 países, conectando comunidades isoladas com o mundo e com a esperança em Cristo.
“Procuramos pessoas que sejam seguidoras de Jesus, que tenham uma base sólida na Palavra de Deus e uma forte conexão com a igreja local. Pessoas motivadas pela Grande Comissão e com o desejo de superar o isolamento”, destacou a MAF.
‘Paz não significa apenas ausência de guerra’
No último Dia Internacional da Paz, em 21 de setembro, a MAF lembrou que a paz não significa apenas ausência de guerra.
“Paz significa mais do que a ausência de tiros. É a paz que ultrapassa todo o entendimento — a certeza espiritual da presença de Deus mesmo na tempestade”, disse Dominic.
Para a organização, a paz significa possibilitar a reconciliação entre inimigos, levar ajuda médica para que a violência não seja o único meio de sobrevivência e conectar pessoas isoladas com esperança.
“No centro de cada crise estão pessoas — mães, pais, filhos — que, apesar de falarem línguas diferentes ou viverem em terras distantes, são como nós. Elas estão com medo, estão sofrendo e, acima de tudo, precisam de amor”, concluiu a MAF.